Colégio Municipal Pelotense

Latest

Danças Tradicionais Juvenil e Adulta

Respectivamente,
Juvenis:
1. CTG HERANÇA CAMPEIRA
2. CTG CEL THOMAZ LUIZ OSÓRIO
3. DTG CANDEEIRO CRIOULO
4. CTG OS FARRAPOS
5. CTG NEGRINHO DO PASTOREIO
6. DTG TERTÚLIA

Adultas:
1. CTG SENTINELA DA SAUDADE
2. CTG CEL THOMAZ LUIZ OSÓRIO
3. CTG TROPEIROS DO SUL
4. DTG TERTÚLIA
5. DTG CANDEEIRO CRIOULO

6. CTG CARRETEIROS DO SUL
7. UNIÃO GAÚCHA
8. CTG OS FARRAPOS

Ordem de apresentação Mirim e Xirú – Danças Tradicionais 04/12/2011

Abertura: 8h30
Início das apresentações: 9h
Local: Ginásio de Esportes do Colégio Pelotense (entrada pela bento)

I Cincerro da Arte Gaúcha – CTG Sinuelo do Sul
INVERNADAS MIRIM

1. CTG SENTINELA DA SAUDADE
2. CTG CEL THOMAZ LUIZ OSÓRIO
3. DTG TERTÚLIA
4. CTG HERANÇA CAMPEIRA
5. CTG CARRETEIROS DO SUL
6. CCN SENTINELA DO RIO GRANDE
7. DTG CANDEEIRO CRIOULO
8. CTG OS FARRAPOS
9. CTG DOMINGOS JOSÉ DE ALMEIDA

I Cincerro da Arte Gaúcha – CTG Sinuelo do Sul
INVERNADAS XIRÚ

1. DTG CANDEEIRO CRIOULO
2. CTG OS FARRAPOS

03 e 04 de dezembro – Circuito de Rodeios acontece no CTG Sinuelo do Sul

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O CTG SINUELO DO SUL abre as suas portas para receber a todos nos dias 03 e 04 de dezembro de 2011, a partir das 17h e 8h, respectivamente. Da mesma forma que vem discorrendo o Circuito, o CTG Sinuelo do Sul disporá de todas as categorias individuais já apresentadas anteriormente.

Para mais informações entre em contato: (53) 8447.8084

CAPÍTULO I 

DAS FINALIDADES

Art. 1°- O Circuito de Rodeios da 26ª RT tem por finalidade a preservação, valorização e divulgação das artes, dos usos e costumes e da cultura popular do Rio Grande do Sul.

Art. 2°- O Circuito de Rodeios da 26ª RT tem por objetivos:

       I – Promover o intercâmbio cultural entre as entidades tradicionalistas, além de uma retomada de consciência dos valores morais do gaúcho entre os participantes do circuito.

       II – Valorizar o artista amador da região, evitando atitudes pessoais ou coletivas que deslustrem os princípios de formação moral do gaúcho.

Art. 3° – Divulgar as diferentes formas de manifestações artísticas da cultura gaucha, desenvolvidas dentro das entidades tradicionalistas que compõem a 26ª RT, para assim promover a valorização da cultura gaucha diante dos poderes públicos e da população em geral.

CAPÍTULO II

DOS PARTICIPANTES

Art. 4° – Participarão do Circuito de Rodeios somente as entidades filiadas ao MTG, que se propuserem a obedecer ao estatuto e aos diversos regulamentos do MTG e da 26ª RT, além de:

       I – Ter seus participantes individuais e coletivos no pleno exercício de seus direitos, não podendo estar cumprindo pena originária do código de ética tradicionalista.

      II – Estar com suas obrigações regularizadas junto à 26ª RT ou região que representa e ao MTG.

Art. 5° – Deverão estar distribuídos entre as seguintes categorias:

      Mirim – até 13 anos incompletos;

      Juvenil – até 17 anos incompletos;

      Adulta – a partir dos 15 anos podendo completá-los até o mês de novembro deste ano.

      Xirú – a partir dos 30 anos.

Art. 6° – Na modalidade Danças Tradicionais poderá ter nas categorias Mirim e Juvenil até 4 componentes acima da idade permitida, ou seja, Mirim (13 anos dentro do ano corrente) e Juvenil (17 anos dentro do ano corrente).

Art. 7° – A comprovação das idades será feita antes da apresentação do concorrente individual ou coletivo, através da apresentação do cartão tradicionalista ou algum documento de liberação expedido pela coordenadoria da região que representa.

Art. 8° – Os músicos de grupos de danças também deverão portar o documento de identificação (art. 7°), para realizarem suas funções.

Art. 9° – Fica vedado o uso de “piercing”, tatuagens visíveis, brincos e outros adereços metálicos ou não encravados na pele por parte dos concorrentes masculinos de todas as modalidades e categorias. É vedado o uso de “piercing”e tatuagens visíveis, também, pelas prendas. 

CAPÍTULO III

DAS INSCRIÇÕES

Art. 10° – Serão gratuitas e deverão ser feitas até as 23:00h da sexta-feira que antecede ao concurso.

Art.11° – É obrigatório que as entidades que participam do circuito de rodeios da 26ª RT inscrevam seus grupos de danças, ativos na entidade, para todas as fases do circuito.

Art. 12° – O número de componentes dos grupos de danças deverá ser:

a)    Grupo instrumental – mínimo de 01 (uma) gaita, 01 (um) violão, executando, com acompanhamento vocal, totalizando no mínimo 02 (dois) e no máximo 08 (oito) integrantes.

b)    Grupo de danças – mínimo de 05 (cinco) e máximo de 12 (doze) pares ou 24 dançarinos, inclusive, para entrada e saída, respeitando-se a idade regulamentar

Art. 13° – Cada entidade poderá inscrever quantos participantes desejar por modalidades e categorias, desde que respeitada as limitações de idades citadas nos art.5° e 6° deste regulamento.

CAPÍTULO IV

DA OPERACIONALIZAÇÃO

Art. 14° – O circuito de rodeios ocorrerá anualmente no período dos meses de maio a dezembro, onde cada uma das entidades pertencentes a 26ª RT sediarão um rodeio artístico. Ainda poderão ser feitas parcerias entre as entidades tradicionalistas da região para sediarem uma das fases do circuito em conjunto.

Art. 15° – Será atribuída uma pontuação a cada modalidade artística representada no circuito. Sendo que ao termino do mesmo, no mês de dezembro será promovido pela coordenadoria da 26ª RT um evento para premiar os destaques, assim como a entidade que mais pontuou durante todo o circuito de rodeios. Recebendo assim o troféu rotativo de Entidade Destaque da 26ª RT.

Art. 16° – Somente as entidades filiadas e pertencentes a 26ª RT poderão receber a pontuação do circuito de rodeios.

Art. 17° – Será cobrado o valor de R$ 3,00 para o público em geral diário ou passaporte de R$ 5,00 (para os dois dias) e R$ 2,00 para os concorrentes.

Art. 18° – O circuito de rodeios da 26ª RT será desenvolvido nas seguintes modalidades e categorias:

1)    Danças Tradicionais: categorias mirim, juvenil, adulta e xirú

2)    Dança de Salão: categorias mirim, juvenil, adulta e xirú.

3)    Declamação: masculina nas categorias mirim, juvenil e adulta.

                       Feminina nas categorias mirim, juvenil e adulta.

4)    Chula: (somente para homens) nas categorias mirim, juvenil e adulto.

5)    Solista Vocal: masculino nas categorias mirim, juvenil e adulto.

                         Feminino nas categorias mirim, juvenil e adulto.   

CAPÍTULO V

DAS COMISSÕES AVALIADORAS E REVISÃO

Art. 19° – Na categoria Danças Tradicionais fica acordado que a avaliação ficará a cargo da Comissão do ENART do ano vigente, já nas demais modalidades, será utilizada comissão credenciada pelo MTG ou que tenha experiência comprovada na modalidade a ser avaliada.

Art. 20° – Cada modalidade será julgada por 03 (três) avaliadores dispostos separadamente e no mínimo 01 (uma) pessoa responsável pela revisão das notas.

            I – Em todas as modalidades haverá a utilização do sistema Planilha Aberta, sendo que deverão ser assinadas pelo concorrente ou responsável (familiar, patrão, posteiro, instrutor, membro da patronagem) após a apresentação do participante.

Art. 21° – Na modalidade Danças Tradicionais não será avaliado o conjunto musical.

Art. 22° – Compete aos presidentes das comissões avaliadoras e organizadores do evento de cumprir e fazer cumprir as determinações deste regulamento, orientando os trabalhos da comissão.

CAPÍTULO VI

DAS APRESENTAÇÕES E CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO 

DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 23° – A comissão analisará o uso correto da indumentária gaúcha completa, individual ou coletivamente, podendo penalizar com até 02 (dois) pontos da nota final, o participante ou músico acompanhante que não esteja devidamente “pilchado”, de acordo com as diretrizes traçadas pelo Movimento Tradicionalista Gaúcho. Os participantes que optarem pelo uso de trajes da época, devem também, seguir as diretrizes do MTG.

Art. 24° – Em caso de empate em qualquer uma das modalidades são critérios de desempate os seguintes:

a)    Danças Tradicionais:

               1°) maior nota de correção coreográfica;

               2°) maior nota de interpretação;

               3°) maior nota de harmonia.

b)    Chula:

 1°) maior nota atribuída aos passos ( soma de todos);

 2°) menor desconto de passos imperfeitos;

 3°) menor número de toques na lança.

c)    Declamação:

 1°) fundamentos da voz;

 2°) transmissão da mensagem poética;

 3°) expressão;

 4°) fidelidade ao texto.

d)    As demais modalidades de acordo com a ordem dos quesitos regulamentares, por ordem decrescente de valor.

OBS: o empate será constatado no calculo da nota final, considerados os milésimos (três casas após a vírgula).

Art. 25° – A ordem de apresentação dos participantes, em cada uma das modalidades, será determinada por sorteio, com data e hora determinada pela comissão organizadora do evento. Após realizado o sorteio, os participantes terão ainda um prazo de 15 (quinze) minutos para realizarem trocas se assim desejarem.

CONCURSO DE DANÇAS TRADICIONAIS

Art. 26° – Cada grupo apresentará 03 (três) danças de livre escolha, contidas e executadas de acordo com o livro “Danças Tradicionais Gaúchas” 3ª edição revisada e ampliada publicado pelo MTG.

Art. 27° – Cada grupo terá 20 (vinte) minutos para que faça sua apresentação, podendo ir para 25 (vinte e cinco) se o mesmo optar em dançar: meia-canha; anu, pau de fitas ou roseira. Ainda terá 05 (cinco) minutos para que faça a passagem de som.

         I – se o grupo optar por dançar o chote de duas damas deverá ter no mínimo 3 (três) ternos.

Art. 28° – O grupo terá que optar por uma das coreografias de entrada ou saída para ser avaliado, sendo que a execução ou não delas ficará sob responsabilidade da organização do evento de acordo com o número de grupos que participarem do mesmo.

a)    Os grupos que optarem por não apresentarem coreografias de entrada e/ou saída, não concorrerá às mesmas.

Art. 29° – Na avaliação das danças tradicionais serão observados os seguintes quesitos:

a)    Correção coreográfica……………03 pontos

b)    Harmonia de conjunto……………02 pontos

c)    Interpretação artística…………….04 pontos

CONCURSO DE CHULA

Art. 30° – Os competidores deverão apresentar 07 (sete) passos na categoria adulta, 05 (cinco) passos na categoria mirim e juvenil.

Art. 31° – A cada participante serão atribuídos até 10 (dez) pontos por passo executado.

       I – Perderá a totalidade dos pontos do passo o participante que cometer as seguintes faltas;

a)    Bater na lança deslocando-a de lugar;

b)    Repetir passo já apresentado por si ou por seu oponente;

c)    Executar passo com característica de malambo;

d)    Ultrapassar 12 (doze) compassos musicais na execução do passo;

e)    Não concluir o passo.

      II – Perderá pontos ainda o participante que:

a)    Executar passo com imperfeição: até 03 (três) pontos;

b)    Perder o ritmo musical: até 01 (um) ponto;

c)    Iniciar ou encerrar passo em lugar inadequado: até 01 (um) ponto;

d)    Preenchimento de final de passo: até 01 (um) ponto;

e)    Executar passo como variante de outro: até 01 (um) ponto;

f)     Erro na execução da música: até 0,5 (meio) ponto;

g)    Erro na preparação para o passo: até 0,5 (meio) ponto;

      III – Caberá aos participantes a responsabilidade pelo acompanhamento musical desta modalidade.

      IV – Os passos deverão estar de acordo com o livro Chula – conceitos técnicos e regulamentação, publicado pelo MTG, ano de 2004.

CONCURSO DE SOLISTA VOCAL

Art. 32° – Cada participante interpretará 01 (uma) música de sua escolha, devendo apresentar 03 (três) cópias da letra sendo uma para cada avaliador, com o nome de seus autores.

       I – Cada solista disporá de 05 (cinco) minutos para sua apresentação, contados a partir da devida liberação dos microfones, perdendo 01 (um) ponto por cada 30 (trinta) segundos ultrapassados.

Art. 33° – A comissão avaliadora basear-se-á nos seguintes critérios:

a)    Ritmo………………………….02 pontos;

b)    Afinação………………………03 pontos;

c)    Interpretação………………..03 pontos;

d)    Postura cênica……………..01 ponto;

e)    Fidelidade à letra………….01 ponto.

   Parágrafo único – o solista vocal não poderá receber apoio vocal, em nenhum momento de sua apresentação.

Art. 34° – Será permitido apenas o uso de instrumentos musicais acústicos, típicos de nossa tradição, admitindo-se captadores, vetando-se o uso de pedais.

CONCURSO DE DECLAMAÇÃO

Art. 35° – Cada participante apresentará 01 (uma) poesia de sua escolha, devendo apresentar 03 (três) cópias datilografadas do poema sendo uma para cada avaliador.

I – Cada declamador disporá de 09 (nove) minutos para sua apresentação, perdendo 01 (um) ponto para cada minuto que ultrapassar.

Art. 36° – A comissão avaliadora basear-se-á nos seguintes critérios:

I – Fundamentos da voz

a)    Inflexão e impostação da voz……………02 pontos;

b)    Dicção……………………………………………01 ponto;

II – Transmissão da mensagem poética……..04 pontos;

III – Expressão (facial e gestual)………………..02 pontos;

IV – Fidelidade ao texto…………………………….01 ponto.

 

CONCURSO DE DANÇA DE SALÃO

Art. 37° – O concurso de danças de salão obedecerá aos seguintes critérios:

      I – Cada entidade poderá inscrever até 05 (cinco) pares, em cada categoria;

      II – Cada par, deverá apresentar no mínimo, 02 (duas) danças diferentes, sendo uma escolhida pelo par e outra sorteada pela comissão avaliadora dentre os seguintes ritmos: vaneira, bugio, rancheira,chote, chamamé, milonga e valsa.

      III – A comissão avaliadora basear-se-á nos seguintes critérios:

a)    Ritmo e harmonia do par…………………………….03 pontos;

b)    Correção coreográfica………………………………..03 pontos;

c)    Interpretação artística…………………………………03 pontos;

d)    Dança em conjunto ou criatividade……………….01 ponto.

      IV – Em caso de empate nesta modalidade, será sorteado outro ritmo para ser executado pelos pares que estiverem empatados.

DAS PREMIAÇÕES

Art. 38° – Em cada rodeio do circuito, fica a cargo da entidade colocar ou não a premiação em dinheiro.

            I – Sendo que nas modalidades individuais, terá troféu até o 3°(terceiro) lugar e nas danças tradicionais fica acordado o mínimo de 3 (três) troféus por categoria, mais 1 (um) troféu de melhor entrada e saída também por categoria.

            II – Para receber a premiação, o concorrente ou representante da entidade deverá estar devidamente pilchado.

Art. 39° – Nas danças tradicionais a pontuação do circuito fica distribuída até o 12°(décimo segundo);

            1° lugar……..120 pontos;                  7° lugar……..60 pontos;

            2° lugar……..110 pontos;                  8° lugar……..50 pontos;

            3° lugar……..100 pontos;                  9° lugar……..40 pontos;

            4° lugar……….90 pontos;               10° lugar……..30 pontos;

            5° lugar……….80 pontos;                11° lugar……..20 pontos;

            6° lugar……….70 pontos;                12° lugar……..10 pontos.

Art. 40° – Nas modalidades individuais a pontuação do circuito fica distribuída até o 5°(quinto) colocado, dada individualmente a cada concorrente, independente da entidade que representa.

            1° lugar…….50 pontos;

            2° lugar…….40 pontos;

            3° lugar…….30 pontos;

            4° lugar…….20 pontos;

            5° lugar…….10 pontos.

DAS PENALIDADES

Art. 41° – Fica acordado, que as entidades comprometidas com o circuito de rodeios, têm a obrigação de levar suas invernadas artísticas atuantes em todas as fases do circuito. No descumprimento desta regra a entidade será desclassificada do circuito, perdendo toda a pontuação que a mesma possui ou venha a possuir.

Art. 42° – Se em alguma fase do circuito houver brigas ou agressões verbais de modo a envergonhar a índole ou a moral do evento, as entidades envolvidas, perderão na totalidade os pontos ganhos na fase do circuito. Além, dos envolvidos receberem uma advertência da coordenadoria da 26ª RT e punição dentro de suas entidades.

Art. 43° – Fica sobre responsabilidade da comissão organizadora do circuito de rodeios: avaliar, julgar e punir se necessário os casos omissos a este regulamento.

Ciranda de Prendas e Entrevero de Peões

Saudações Tradicionalistas,

Bueno como coordenador dos futuros peões e prendas gestão 2011/2012 do Sinuelo, quero primeiramente parabenizar todos os participantes da Ciranda e do Entrevero que ocorrerá no dia 27 próximo. Mas o que me faz vir aqui escrever para vocês é sugerir que embora estejamos a poucos dias do concurso não se sintam pressionados e sim estudem com atenção pois não há nada muito complexo, são questões básicas. Portanto peçam o auxílio dos pais para que juntos com vocês aprendam mais sobre nossa Tradição!

Bons estudos a todos!

Os conteúdos estão disponíveis nos 3 PDFs para download e neste link, referente aos símbolos do RS:

http://www.pampasonline.com.br/tradicao/tradicao_simbolosestaduais.htm

OBSERVAÇÃO: Os conteúdos em PDF encontram-se acima do cabeçalho no menu ao lado da home intitulados com as matérias propostas pela Ciranda e Entrevero.

Luiz Antônio Machado Jr.

Com a palavra o Peão Destaque Artístico-Cultural do Rio Grande do Sul

Com muita honra pude participar da 23ª Edição do Entrevero Cultural de Peões Farroupilhas do Rio Grande do Sul. Mas o que é Entrevero do Peões? Segundo o regulamento do Movimento Tradicionalista Gaúcho o Entrevero tem por finalidade escolher, anualmente, dentre os jovens associados de entidades filiadas ao MTG, representantes da cultura, das habilidades artísticas, campeiras e de artesanato, possuidor dos valores tradicionais característicos da identidade cultural do gaúcho.  São objetivos do Entrevero em relação aos seus participantes:  a) elevar seu nível cultural;  b) criar condições para o desenvolvimento do espírito de liderança; c) despertar o interesse pelo estudo e pesquisa de Historia, Geografia, Tradição e Folclore Gaúchos; d) criar condições para o desenvolvimento de habilidades artísticas, campeiras e artesanato campeiro vinculadas à cultura gaúcha;  e) proporcionar condições para que se aperfeiçoe a participação e o comprometimento de peões com a entidade a que estiver associado, visando a colimação da sua finalidade e objetivos; f) criar condições para a valorização crescente das atividades relacionadas com as lides campeiras visando a sua preservação como fato tradicional.

Depois de enfrentar uma jornada de atividades campeiras, artiísticas e culturais tive a grande felicidade de me tornar Peão Destaque Artiístico-Cultural do RS. Trazer o título para Pelotas e para o CTG Sinuelo do Sul foi uma felicidade sem tamanho. Gostaria de agradecer a todas as pessoas que desde o inicío me ajudaram na campeira, na preparação artística e cultural para que eu chegasse até onde cheguei! Adriana (A melhor prenda do mundo!!!), Sr Duarte, Alci Jr -gaiteiro, Marcel – violeiro, Tia Hilda, Pamela, Letícia, Tia Fabi, Mãe, Pai e Marta (que foi a melhor diretora campeira que um Peão poderia ter no Entrevero todo, não me largou um segundo paleteando junto comigo todos os momentos!) MEU MUUUUITO OBRIGADO ESPECIAL para a gauchada que tava lá comigo vibrando e dividindo todas as emoções comigo! Foram choros e risos, mas como ja diz o rei Roberto… o importante é que emoções eu vivi!!! Valeu gauchada, dedico esse título a minha 26ª RT e à família SINUELO!

Negrinho do Pastoreio

O NEGRINHO DO PASTOREIO (SUL) No tempo da escravidão havia um estancieiro (fazendeiro) muito rico, que criava bois e cavalos. Era muito mau e gostava apenas de seu filho, também maldoso, e de um cavalo baio, muito veloz. Entre seus escravos havia um menino muito obediente e trabalhador, a quem ninguém havia se dado o trabalho de dar um nome, sendo chamado de Negrinho. Montava muito bem, e era encarregado de pastorear os cavalos. O estancieiro foi, um dia, desafiado para uma corrida de cavalos por um vizinho. O escolhido obviamente foi o baio, que seria montado pelo Negrinho. Os dois cavalos eram excelentes corredores mas, no dia da corrida, sabendo que corria por sua vida, o Negrinho conseguiu impor uma certa vantagem. Quase ao término da corrida, com o baio na frente, este se assusta e empina, perdendo a corrida. Ao voltarem à fazenda, o estancieiro disse ao Negrinho que este passaria trinta dias e trinta noites pastoreando o cavalo baio e outros trinta cavalos, mas, antes de deixá-lo ir, chicoteou-o até se cansar. O pequeno escravo, louco de dor, levou os cavalos para o pastoreio e amarrou o baio. Não agüentando de dor e cansaço, adormeceu. Algumas corujas que voejavam em torno assustaram os cavalos, que fugiram. O Negrinho acordou, mas devido à cerração (neblina) não conseguiu encontrá-los. O filho do estancieiro, que gostava de maltratar o menino, viu tudo e foi contar a seu pai. O Negrinho foi novamente chicoteado sem piedade, e lhe foi ordenado que voltasse para procurar os cavalos. Voltou para o pastoreio, mancando e sangrando, levando um toco de vela. Cada pingo de cera que caía, transformava-se numa luz tão brilhante, que logo tudo ficou tão iluminado que parecia dia, tornando-se fácil reunir os cavalos. De madrugada, o filho do estancieiro, que ainda não estava satisfeito com suas maldades, soltou e espantou o cavalo baio, indo contar a seu pai que o Negrinho tinha adormecido novamente e deixado os cavalos escapar. O estancieiro deu-lhe a terceira surra de chicote, até deixar o menino como morto. Mandou jogá-lo sobre um formigueiro, para não ter que mandar enterrá-lo. O corpinho foi imediatamente atacado pelas formigas, para regozijo do filho do estancieiro. Na manhã seguinte, quando o estancieiro voltou ao formigueiro, levou um imenso susto!! O menino estava de pé, todo risonho, perto do cavalo baio e dos outros trinta cavalos. Enquanto o estancieiro olhava, o Negrinho montou no baio e partiu acompanhado dos outros cavalos, em uma nuvem de poeira dourada, e dizem que muitos já o viram passar dessa maneira…. Ele some apenas três dias por ano, para visitar o formigueiro, pois as formigas tornaram-se suas amigas. Até hoje, quando se perde alguma coisa, basta chamar pelo Negrinho do Pastoreio, que ele consegue encontrar….

Colaboração de Camila Rossales – 2ª Prenda Mirim da casa

Flor Brinco de Princesa

Nome popular: Brinco-de-princesa; Lágrima; Agrado; Fúcsia.
Nome científico: Fuchsia hybrida.
Família: Onagraceae.

Características: O Brinco-de-princesa é uma das belas flores que tem se tornado extremamente populares internacionalmente. Há um grande número de tipos, que foram obtidos pela hibridação de espécies obtidas na América do Sul. A flor é considerada um dos símbolos do Rio Grande do Sul – Brasil.

São muito cultivadas em vasos, como planta pendente, apoiadas em suportes ou em jardineiras. Suas flores são bastante visitadas por beija-flores.

Seus ramos são pendentes, e suas flores pendentes são o seu maior atrativo, podendo elas ser com divisões roxas, vermelhas ou brancas e corola roxa, vermelha, branca ou azul, simples ou dobradas, formadas na primavera e verão. Algumas variedades são mais eretas do que as demais. Apreciam o frio e se adaptam bem ao sul do país.

Cultivo: O Brinco-de-princesa prefere ficar em sol pleno, ou em meia-sombra, sendo protegida principalmente do sol da tarde. As fúcsias crescem e florescem melhor em regiões mais frias, como na região sul do Brasil, mas também possuem certa tolerância a ambientes mais quentes.

É desejável manter o solo rico em matéria orgânica, pois elas precisam de solos com boa retenção de água, para que o a terra seja sempre mantida úmida. Uma boa drenagem do vaso também é essencial. Apesar de serem plantas perenes, muitas vezes elas são cultivadas como se fossem anuais, sendo replantadas todos os anos. Propagação: Pode ser multiplicada tanto por sementes quanto por estacas feitas dos ramos.

Contribuição de Camila Rossales, 2ª Prenda Mirim do CTG Sinuelo do Sul

A Tríplice Trindade do Tradicionalismo – parte III

Barbosa Lessa

Nasceu em 13 de dezembro de 1929, numa chácara nas imediações da histórica vila de Piratini (capital farroupilha), RS. Devido à dificuldade para cursar uma escola regular, teve de aprender as primeiras letras e quatro operações com sua própria mãe, a qual, ao se improvisar de professora, também lhe ensinou teoria musical, um pouco de piano e, inclusive, uma novidade na época chamada datilografia.

Indo cursar o ginásio na cidade de Pelotas (Ginásio Gonzaga), aos doze anos fundou um jornal escolar (“O Gonzagueano”), em que publicou seus primeiros contos regionais ou de fundo histórico. E também fundou o conjunto musical significativamente denominado “Os Minuanos” (uma das tribos indígenas no velho Rio Grande do Sul), que pretendia se especializar em música regional gaúcha mas que, por inexistência de repertório àquela época, teve de se conformar com o gênero sertanejo e um tanto de música urbana brasileira.

Para cursar o 2o grau colegial, transferiu-se para Porto Alegre, ingressando no Colégio Júlio de Castilhos. Aos dezesseis anos de idade já colaborava para uma das principais revistas brasileiras de cultura (“Província de São Pedro”) e obteve seu primeiro emprego como revisor e repórter da “Revista do Globo”.

No ano seguinte participou da primeira Ronda Crioula/Semana Farroupilha e, munido de um caderno de aula para coletar assinaturas de eventuais jovens que se interessassem pelo assunto, tomou a iniciativa para a fundação do primeiro Centro de Tradições Gaúchas (CTG), o “35”.

Nesta agremiação ele retomou seu interesse pela música regional e, na falta de repertório, foi criando suas primeiras canções, tais como a toada “Negrinho do Pastoreio” – hoje um clássico da música regional gaúcha. Bacharel pela Faculdade de Direito de Porto Alegre (UFRGS), 1952.

Formando com seu amigo Paixão Côrtes uma abnegada dupla de pesquisadores, de 1950 a 1952, realizou o levantamento de resquícios de danças regionais e produziu a recriação de danças tradicionalistas. Resultado dessa pesquisa da dupla foi o livro didático “Manual de Danças Gaúchas” e o disco long-play (o terceiro LP produzido no Brasil) “Danças Gaúchas”, na voz da cantora paulista Inezita Barroso.

Incentivou a realização do Primeiro Congresso Tradicionalista do Rio Grande do Sul, levado a efeito na cidade de Santa Maria, em 1954, quando apresentou e viu aprovada sua tese de base socióloga “O Sentido e o Valor do Tradicionalismo”, definidora dos objetivos desse movimentos.

Em 1956 montou um grupo teatral para apresentação de sua comédia musical “Não te assusta, Zacaria!”, e saiu divulgando as danças e os costumes gauchescos por todas as regiões do Rio Grande do Sul, colhendo aplausos também nas cidades de Curitiba e São Paulo.

Residiu na capital paulista até 1954, envolvido com produção de rádio, televisão, teatro e cinema, detendo-se finalmente na área de propaganda e relações públicas. Chefe de grupo-de-criação da Jr. Walter Thompson Publicidade e chefe de relações-públicas do Banco Crefisul de Investimentos.

Voltou a Porto Alegre em 1974, já como especialista em Comunicação Social, tendo trabalhado na Mercur Publicidade e Companhia Riograndense de Saneamento, CORSAN. Aposentou-se como jornalista em 1987.

Entrementes, na administração de Amaral de Souza, foi Secretário Estadual da Cultura, tendo então idealizado para Porto Alegre um centro oficial de cultura acadêmica, que veio a pré-inaugurar em março de 1983: a Casa de Cultura Mário Quintana.

Mantinha pequena reserva ecológica no município de Camaquã, onde residia com sua esposa Nilza, dedicada à produção artesanal de erva-mate e plantas medicinais. Filhos: Guilherme, analista de sistemas, residente em Porto Alegre e Valéria, casada com norte-americano e residente no estado de New Jersey, USA.

Teve destacado nome na música popular e na literatura. Dentre suas músicas, sempre de cunho gauchesco, destacam-se “Negrinho do Pastoreio”, “Quero-Quero”, “Balseiros do Rio Uruguai”, Levanta, Gaúcho!”, “Despedida”, bem como as danças tradicionalistas em parceria com Paixão Côrtes.

E numa bibliografia de cerca de cinqüenta títulos, destacam-se os romances “República das Carretas” e “Os Guaxos” (prêmio 1959 da Academia Brasileira de Letras), os contos e crônicas de “Rodeio dos Ventos”, o ensaio indigenista “Era de Aré”, a tese pioneira “O sentido e o Valor do Tradicionalismo”, o ensaio “Nativismo, um fenômeno social gaúcho”, “Mão Gaúcha, introdução ao artesanato sul-rio-grandense”, o álbum em quadrinhos “O Continente do Rio Grande” (com desenhos de FLávio Colin) e os didáticos “Problemas brasileiros, uma perspectiva histórica””, “Rio Grande do Sul, prazer em conhecê-lo”, e “Primeiras Noções de Teatro”. Também os dois volumes do Almanaque do Gaúcho. Foi Conselheiro Honorário do MTG – Movimento Tradicionalista Brasileiro. Faleceu em onze de março de 2002

L.A.Jr

A Tríplice Trindade do Tradicionalismo – parte II

Paixão Côrtes

O folclorista Paixão Côrtes, personagem decisivo da cultura gaúcha e do movimento tradicionalista no Rio Grande do Sul é o 16o entrevistado de Passado Presente, série que revista a formação do pensamento crítico contemporâneo no Estado É realmente uma pena que o jornal não tenha som, porque a entrevista que se vai ler ganharia muito se fosse acompanhada do verbo vivo do entrevistado.

João Carlos D’Ávila Paixão Côrtes é uma figura inesquecível em vários sentidos, incluindo o sentido da audição: as pausas, as ênfases, as exclamações, as suspensões, os “Bá” alongados, a entoação para acompanhar a referência a uma antiga canção, tudo isso é irrepetível na folha de papel.

Um pouco assim, inapreensível, é o valor e o alcance da obra de nosso entrevistado. Nascido a 12 de julho de 1927, em Santana do Livramento, de pai agrônomo e mãe dotada de boas qualidades musicais, Paixão Côrtes parece ter sintetizado essas duas marcas – formou-se em Agronomia também, e é artista também, não do canto mas da dança – e ao mesmo tempo parece haver ultrapassado os limites do que se poderia esperar de alguém com sua história. Por quê? Porque ele é um dos sujeitos diretamente responsáveis pelo nascimento da atual voga gauchesca. “Um dos” é muito pouco: Paixão Côrtes é um dos dois formuladores e animadores decisivos do movimento tradicionalista gaúcho – o outro é o falecido Luiz Carlos Barbosa Lessa, a quem nosso entrevistado se refere como “o Lessa”, um sujeito quieto, com pendor literário e intelectual, de alguma maneira o oposto complementar de Paixão, mais arrebatado, mais homem de ação e iniciativa.

A estrada foi longa e cheia de percalços. Começa, talvez, na vivência campeira. Segue na experiência de peão, desempenhada todas as férias, em contraponto com a vida escolar urbana em Santana, Uruguaiana e Porto Alegre, sucessivamente. Continua, quem sabe, na dura passagem em que perde o pai e precisa trocar o colégio privado pelo público, o diurno pelo noturno, a vida relativamente inconseqüente pelo trabalho.

Deslancha, a partir de 1947, quando se junta com amigos igualmente interioranos e saudosos da vida agauchada (entre os quais Lessa) e com eles literalmente inventa uma tradição: a de fazer vigília de um fogo tirado à Pira da Pátria, que arderá dali por diante pela imaginária, afetuosa, desejada “pátria” sul-rio-grandense.

Paixão Côrtes e Barbosa Lessa partem para a pesquisa de campo, para recuperar traços de cultura popular local eventualmente sobreviventes à avalancha da cultura norte-americana, quer dizer, estadunidense, que, vitoriosa na II Guerra, cobrou um preço alto das neocolônias. Paixão e Lessa, expressando ativamente o mal-estar do momento, partiram para a ação, viajando pelo Interior para salvar o passado da intensa voragem novidadeira. Estava sendo gestado o lado cultural-popular do tradicionalismo, antes mesmo de a palavra “folclore” entrar no discurso de todo mundo.

Paixão Côrtes não se limitou a isso. Serviu de modelo para a estátua do Laçador e foi garoto-propaganda televisivo, nos primórdios do veículo, vestido à gaúcha quando isso era ainda uma esquisitice.

Organizou o 35 CTG, liderou grupos de música e dança, viajou à Europa como artista, fez e aconteceu. Poderia estar calmamente, agora, curtindo as glórias de sua intensa vida. Mas não: parece mais ativo que nunca, insatisfeito com certos aspectos do tradicionalismo.

Ele diz que a coisa está muito amarrada, embretada, com pouca variação. A sensação que fica é de que mais três dias de entrevista ainda não seriam suficientes para ouvir tudo o que ele tem para contar. Mas o espaço é finito, e o foco desta entrevista, realizada em sua casa, em Porto Alegre, foi o período de gestação deste fenômeno absolutamente impressionante que é o mundo do tradicionalismo, dos CTGs, da identidade cultural gaúcha, que ele ajudou a estabelecer.

Vida e obra associadas fortemente, as de Paixão Côrtes, um sujeito da maior relevância para entender nosso tempo. “Me chamavam de guasca. Eu não me ofendia” Confira a entrevista da série Passado Presente, com Paixão Cortes, clicando aqui.A matéria abaixo foi coletada do Caderno Cultura, Jornal Zero Hora Sábado, 15 de maio de 2004.

O folclorista Paixão Côrtes, personagem decisivo da cultura gaúcha e do movimento tradicionalista no Rio Grande do Sul é o 16o entrevistado de Passado Presente, série que revista a formação do pensamento crítico contemporâneo no Estado

É realmente uma pena que o jornal não tenha som, porque a entrevista que se vai ler ganharia muito se fosse acompanhada do verbo vivo do entrevistado. João Carlos D’Ávila Paixão Côrtes é uma figura inesquecível em vários sentidos, incluindo o sentido da audição: as pausas, as ênfases, as exclamações, as suspensões, os “Bá” alongados, a entoação para acompanhar a referência a uma antiga canção, tudo isso é irrepetível na folha de papel.

Um pouco assim, inapreensível, é o valor e o alcance da obra de nosso entrevistado. Nascido a 12 de julho de 1927, em Santana do Livramento, de pai agrônomo e mãe dotada de boas qualidades musicais, Paixão Côrtes parece ter sintetizado essas duas marcas – formou-se em Agronomia também, e é artista também, não do canto mas da dança – e ao mesmo tempo parece haver ultrapassado os limites do que se poderia esperar de alguém com sua história. Por quê? Porque ele é um dos sujeitos diretamente responsáveis pelo nascimento da atual voga gauchesca. “Um dos” é muito pouco: Paixão Côrtes é um dos dois formuladores e animadores decisivos do movimento tradicionalista gaúcho – o outro é o falecido Luiz Carlos Barbosa Lessa, a quem nosso entrevistado se refere como “o Lessa”, um sujeito quieto, com pendor literário e intelectual, de alguma maneira o oposto complementar de Paixão, mais arrebatado, mais homem de ação e iniciativa.

A estrada foi longa e cheia de percalços. Começa, talvez, na vivência campeira. Segue na experiência de peão, desempenhada todas as férias, em contraponto com a vida escolar urbana em Santana, Uruguaiana e Porto Alegre, sucessivamente. Continua, quem sabe, na dura passagem em que perde o pai e precisa trocar o colégio privado pelo público, o diurno pelo noturno, a vida relativamente inconseqüente pelo trabalho. Deslancha, a partir de 1947, quando se junta com amigos igualmente interioranos e saudosos da vida agauchada (entre os quais Lessa) e com eles literalmente inventa uma tradição: a de fazer vigília de um fogo tirado à Pira da Pátria, que arderá dali por diante pela imaginária, afetuosa, desejada “pátria” sul-rio-grandense.

Paixão Côrtes e Barbosa Lessa partem para a pesquisa de campo, para recuperar traços de cultura popular local eventualmente sobreviventes à avalancha da cultura norte-americana, quer dizer, estadunidense, que, vitoriosa na II Guerra, cobrou um preço alto das neocolônias. Paixão e Lessa, expressando ativamente o mal-estar do momento, partiram para a ação, viajando pelo Interior para salvar o passado da intensa voragem novidadeira. Estava sendo gestado o lado cultural-popular do tradicionalismo, antes mesmo de a palavra “folclore” entrar no discurso de todo mundo.

Paixão Côrtes não se limitou a isso. Serviu de modelo para a estátua do Laçador e foi garoto-propaganda televisivo, nos primórdios do veículo, vestido à gaúcha quando isso era ainda uma esquisitice. Organizou o 35 CTG, liderou grupos de música e dança, viajou à Europa como artista, fez e aconteceu. Poderia estar calmamente, agora, curtindo as glórias de sua intensa vida. Mas não: parece mais ativo que nunca, insatisfeito com certos aspectos do tradicionalismo. Ele diz que a coisa está muito amarrada, embretada, com pouca variação.

A sensação que fica é de que mais três dias de entrevista ainda não seriam suficientes para ouvir tudo o que ele tem para contar. Mas o espaço é finito, e o foco desta entrevista, realizada em sua casa, em Porto Alegre, foi o período de gestação deste fenômeno absolutamente impressionante que é o mundo do tradicionalismo, dos CTGs, da identidade cultural gaúcha, que ele ajudou a estabelecer. Vida e obra associadas fortemente, as de Paixão Côrtes, um sujeito da maior relevância para entender nosso tempo. “Me chamavam de guasca. Eu não me ofendia”

L.A.Jr

A Tríplice Trindade do Tradicionalismo – parte I

Continuando a dar a minha contribuição ao blog, publico em três posts a respeito de 3 grandes nomes do tradicionalismo gaúcho, que unidos representam o que ficou conhecido, segundo Antônio Augusto Fagundes [em Curso de Tradicionalismo Gaúcho – 3ª Edição], como a Tríplice Trindade do Tradicionalismo. São eles: Glaucus Saraiva, o organizador; Paixão Côrtes, o dinâmico e Barbosa Lessa, o estudioso.

Glaucus Saraiva foi e é ainda um dos nomes mais importantes do gauchismo. Ele, Paixão Côrtes e Barbosa Lessa são os três reis magos que trouxeram os presentes que até hoje ornam o altar da tradição, três homens com os quais o Rio Grande contraiu uma dívida irresgatável.

Poeta maravilhoso dos antológicos Chimarrão, Velho Poncho e Borracho, para ficar apenas nos seus versos mais conhecidos. Compositor de canções como Porongo Velho, Meu Cusco Barbudo e Tropeada. Cantor que fez parte de dois grupos famosos: Os Gaudérios e Quitandinha Serenaders, onde era companheiro de Luís Telles e João Gilberto. Foi um dos primeiros professores escolhidos para lecionar no curso de pós-graduação em Folclore da Faculdade Palestrina, de lendária memória, onde foi responsável pela cadeira de Folclore Infantil. As pesquisas que efetuou nessa área resultaram num livro lindíssimo publicado pelo Instituto de Folclore, referência obrigatória no tema. E na coleção de brinquedos que hoje faz parte do Museu Glaucus Saraiva na bela sede do CTG Sinuelo do Pago, em Uruguaiana, ao qual ele doou com a esperança de fazer prosélitos e discípulos.

No entanto, atualmente, é um dos nomes menos falados no tradicionalismo. Parece que apenas o bravo CTG Glaucus Saraiva honra a sua memória. Mas não. Como eu, há outro gaúcho interessado em resgatar a importância de Glaucus Saraiva, pelo menos como poeta. Henrique Dias de Freitas Lima, nome importante na história dos festivais, como pioneiro e incentivador da Califórnia da Canção Nativa, excelente declamador, é um apaixonado pela poesia do Glaucus, de quem foi um grande amigo e de quem lembra com muita saudade. Pois o Henrique gravou Seleção de Poemas, um CD de poesias em que aparece o Glaucus de corpo inteiro, poeta da ternura e do amor.

Glaucus Saraiva nasceu em São Jerônimo, filho de família tradicional. Logo se destacou dos irmãos e irmãs como ledor incansável e atleta perfeito. Era um autodidata por excelência, com uma formação humanística impressionante, apoiada por uma bela biblioteca.

Glaucus conseguiu, como pioneiro, uma sede urbana e uma sede rural para o seu amado 35 CTG. Conseguiu, também, idealizar e implantar o Galpão Crioulo do Palácio do Governo, que leva o seu nome. Na minha opinião, Glaucus Saraiva é o maior poeta do gauchismo, o único entre todos nós a compreender que a poesia gauchesca não é a poesia do gaúcho e sim a poesia para o gaúcho. Por isso, a poesia de Glaucus é erudita, gongórica, rebuscada, rica em figuras poéticas, embasada em sua imensa cultura geral.

Nunca haverá outro Glaucus Saraiva.

L.A.Jr